Azeite de Oliva está 50% mais caro do que em 2023; preço deve se manter

O azeite de oliva, um dos produtos mais utilizados na culinária brasileira, está com um aumento de preço significativo. Segundo dados recentes, o valor do azeite subiu quase 50% nos últimos 12 meses até maio. Este aumento, que afeta diretamente o bolso do consumidor, é resultado de uma combinação de fatores climáticos e econômicos.

A Europa, principal produtora de azeitonas e azeites, tem enfrentado severas condições climáticas que impactaram drasticamente a produção. Em 2023, as temperaturas europeias ficaram acima da média em 11 meses do ano, registrando o setembro mais quente da história. Esse calor extremo, combinado com a seca, afetou significativamente as oliveiras. 

As oliveiras, apesar de resistentes ao calor, necessitam de um equilíbrio térmico para florescer e gerar frutos adequadamente. No ano passado, temperaturas superiores a 40°C resultaram em queimaduras nas folhas das árvores e incêndios que reduziram a área plantada. No período de floração, crucial para o desenvolvimento das azeitonas, as oliveiras produziram menos frutos: de 80 kg de azeitonas por árvore, a produção caiu para apenas 25 kg em algumas regiões. Este declínio acentuado na produção, que chegou a 20% na Europa, tem contribuído para a alta nos preços.

Azeite de Oliva Extra Virgem Org
Azeite de Oliva está 50% mais caro do que em 2023; preço deve se manter 2

Dependência do Brasil e Aumento dos Preços

O Brasil importa a maior parte do azeite que consome, sendo Portugal o principal fornecedor, seguido pela Espanha e outros países. Com a queda na produção europeia, houve uma diminuição nas importações brasileiras em 32% entre outubro de 2023 e março de 2024. Esta redução na oferta, combinada com a demanda constante, elevou os preços no mercado interno.

Na Espanha, entre 13 e 19 de maio, o preço do azeite ao produtor aumentou 32,7%, atingindo 7,85 euros por kg. Na Itália, o aumento foi ainda mais expressivo, com o azeite extravirgem custando 9,65 euros por kg, um incremento de 52,4% comparado ao mesmo período do ano anterior. Esses aumentos refletem diretamente nos preços pagos pelos consumidores brasileiros, que sentem o impacto ao comprar o produto nas prateleiras dos supermercados.

Perspectivas Futuras para o Preço do Azeite

As previsões para uma possível redução nos preços do azeite não são otimistas. De acordo com o professor Carlos Eduardo de Freitas Vian, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a tendência é de que os preços permaneçam elevados.

A oliveira é uma cultura perene, com um ciclo de frutificação que dura vários anos. As azeitonas são colhidas apenas três meses por ano, e uma árvore recém-plantada pode levar até três anos para começar a produzir frutos. Para que os preços baixem significativamente, seriam necessárias várias safras boas para repor os estoques e equilibrar a oferta e a demanda.

Além disso, a Espanha enfrenta a quarta quebra de safra consecutiva, o que agrava ainda mais a situação. A única possibilidade de estabilização nos preços seria uma queda no consumo, com os consumidores optando por substitutos do azeite de oliva. No entanto, mesmo essa mudança levaria tempo para refletir nas prateleiras dos supermercados.