Argentina nega entrada no BRICS; Veja os efeitos para a Economia Brasileira

O presidente argentino, Javier Milei, anunciou sua decisão de retirar a Argentina da lista de países que passariam a integrar o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a partir de 1º de janeiro de 2024. Esta medida foi comunicada através de uma carta enviada aos chefes de Estado dos países do BRICS, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do Brasil.

Na carta, Milei destacou que sua gestão pretende revisar algumas decisões tomadas pelo governo anterior, incluindo a criação de uma unidade especializada para a participação ativa da Argentina no BRICS, conforme indicado pelo ex-presidente Alberto Fernández. Ele afirmou que, neste momento, não considera oportuna a incorporação da Argentina como membro pleno do BRICS.

Essa reviravolta na posição argentina em relação ao BRICS era esperada desde a vitória de Milei nas eleições presidenciais, conforme indicado pela ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. A decisão de retirada do bloco foi tomada mesmo após Fernández ter entregado uma carta solicitando a entrada do país na instituição.

Consultadas pelo GLOBO, fontes do governo brasileiro afirmaram que a carta de Milei não foi uma surpresa para o presidente Lula, que já esperava essa mudança de posição do novo governo argentino. No entanto, não haverá uma reação oficial à carta, pois a não entrada da Argentina no BRICS é considerada uma decisão soberana do país.

Argentina sai do BRICS
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Saída da Argentina e os impactos na economia Brasileira

Essa decisão pode ter impactos na economia brasileira, uma vez que a entrada da Argentina no BRICS poderia abrir novas oportunidades de cooperação econômica entre os países membros, além de fortalecer os laços comerciais e de investimento na região.

Entretanto, no momento atual, os reflexos dessa decisão podem prejudicar ainda mais a Argentina. Isso porque o país vem passando por graves problemas econômicos. A entrada no BRICS poderia significar investimento externo, não só do Brasil, como de outra parceira comercial da Argentina, a China.

Além disso, a decisão de Milei também pode gerar um mal estar nas relações internacionais entre Brasil e Argentina. Isso porque os Estados são parceiros econômicos e a saída da Argentina pode mostrar um certo afastamento.

Confira a carta do presidente da Argentina na Íntegra

“Senhor presidente:

Tenho o prazer de me dirigir ao senhor a respeito do convite à República Argentina para aderir ao grupo Brics decidido na Cúpula de Joanesburgo em agosto passado.

Como sabe, a marca da política externa do governo que presido há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas. Dentre elas está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no Brics, conforme indicou o ex-presidente Alberto Fernández em carta datada de 4 de setembro.

A esse respeito, gostaria de informar que nesta fase a incorporação da República Argentina ao Brics como membro pleno a partir de 1º de janeiro de 2024 não é considerada adequada.

Sem prejuízo disso, quero destacar o empenho do meu governo na intensificação dos laços bilaterais com o seu país, em particular no aumento dos fluxos comerciais e de investimento.

Enquanto aguardo o encontro convosco, aproveito esta oportunidade para reiterar a minha mais elevada consideração.

Ao excelentíssimo senhor presidente da República Federativa do Brasil,

Luiz Inácio Lula da Silva”.