Aprenda a montar uma carteira de ações do zero

Iniciar uma jornada de investimentos focada na geração de renda passiva pode parecer desafiador, mas é um caminho que, ao longo do tempo, pode levar à tão sonhada liberdade financeira. O primeiro passo para construir uma carteira de ações externas para a geração de dividendos é compreender que o objetivo principal não é apenas a valorização de papéis, mas sim a concessão de renda passiva para a aposentadoria.

Vicente Guimarães, CEO da VG Research, destaca que a valorização dos papéis ocorre naturalmente ao constituir uma carteira com boas empresas. Ele enfatiza que a valorização é uma consequência, não o foco principal. A ideia central é a geração de renda consistente ao longo do tempo.

Recomenda-se um período mínimo de cinco anos, mas Guimarães sugere idealmente de dez a 15 anos. Ele argumenta que os ciclos econômicos da Bolsa de Valores geralmente duram entre cinco e dez anos, e é importante aguardar o ciclo completo para colher os benefícios.

Ao decidir quais ações serão compostas pela carteira, a recomendação é escolher um número de empresas que o investidor possa acompanhar. Para iniciantes, Guimarães aconselha entre cinco e dez ações para garantir uma boa diversificação, enquanto Cleide Rodrigues sugere entre oito e 15 ações para gerar renda de forma consistente.

A concentração em setores específicos

Evitar a concentração em um único setor, como o bancário, é confortável para reduzir a exposição aos riscos. Guimarães sugere não concentrar mais de 50% da carteira em um único setor e não ter uma participação acima de 30% em uma única ação. Além das ações, diversificar em outros instrumentos, como fundos imobiliários e reservas de créditos, também está indicado.

O rebalanceamento regular da carteira, a cada dois ou três meses, é recomendado para manter a distribuição estável. No entanto, isso não implica vender toda a posição em uma ação, mas sim fazer pequenos ajustes.

Setores perenes, representados pelo acrônimo BEST (bancos, elétricas, seguros, saneamento e telecomunicações), são indicados para quem busca renda passiva. Esses setores são considerados resilientes aos altos e baixos da economia brasileira, proporcionando estabilidade e crescimento contínuo. Complementarmente, a inclusão de ações cíclicas pode oferecer oportunidades de dividendos elevados em momentos específicos, conforme demonstrado pela Petrobras nos últimos anos.

É aconselhável evitar setores com margens líquidas atraentes, como varejo e tecnologia, onde é mais difícil encontrar boas pagadoras de dividendos. Empresas de menor porte no setor de petróleo, aviação, frigoríficos e turismo também são mencionadas como setores a serem evitados.

Reinvestir os dividendos recebidos

Esse reinvestimento permite aumentar a participação nas ações, gerando mais dividendos para distribuições futuras. O conceito de “efeito bola de neve” é enfatizado, destacando que, à medida que as dividendos crescem, chegará um momento em que poderá cobrir todas as despesas, proporcionando a verdadeira liberdade financeira.

Estabelecer metas condicionais, tanto em termos de renda passiva quanto percentuais investidos, é recomendado. Ter metas específicas, como receber determinado valor em dividendos por ano, é importante. No entanto, o mais crucial ainda é realizar bons negócios, adquirindo ações de qualidade, baratas e que paguem dividendos.