Analfabetismo: Veja os Dados Atualizados do Censo 2022

O Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela uma queda significativa no analfabetismo no Brasil, mas também destacam persistentes desigualdades regionais e sociodemográficas.

Em 2022, a taxa de analfabetismo entre a população brasileira com 15 anos ou mais foi de 7%, uma redução considerável em comparação com os 9,6% registrados em 2010. Apesar dessa melhoria, o país ainda enfrenta desafios significativos, com 11,4 milhões de pessoas incapazes de ler e escrever.

A maior parte dos analfabetos está concentrada nas faixas etárias mais velhas, refletindo uma dívida educacional histórica. Entre os 11,4 milhões de analfabetos, 61% têm 55 anos ou mais. A taxa de analfabetismo na faixa etária de 65 anos ou mais é de 20,3%, a mais alta entre todas as faixas etárias, enquanto na faixa de 15 a 19 anos é de apenas 1,5%.

Analfabetismo
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Desigualdade Regional e Racial influenciam no analfabetismo

As desigualdades regionais são marcantes nos dados de analfabetismo. O Nordeste apresenta a maior taxa, com 14,2%, mais que o dobro da média nacional. O Norte tem uma taxa de 8,2%, também acima da média brasileira. Em contraste, as regiões Sul (3,4%), Sudeste (3,9%) e Centro-Oeste (5,1%) têm taxas significativamente menores.

Além das disparidades regionais, o Censo 2022 também revela desigualdades raciais e de gênero. As taxas de analfabetismo entre pretos (10,1%) e pardos (8,8%) são mais que o dobro da taxa entre brancos (4,3%). No caso da população indígena, a taxa é alarmante, chegando a 16,1%

 Em termos de gênero, as mulheres têm taxas de analfabetismo menores que os homens em quase todas as faixas etárias, com exceção das idosas acima de 65 anos. Na média, 6,5% das mulheres são analfabetas, em comparação com 7,5% dos homens.

Impactos de Investimentos Educacionais Passados

A redução do analfabetismo entre as gerações mais velhas é notável. Em 2000, a taxa de analfabetismo entre aqueles com 65 anos ou mais era de 38%, caindo para 29,4% em 2010 e para 20,3% em 2022. Betina Fresneda, analista do IBGE, explica que essa redução se deve tanto ao envelhecimento da população quanto à mortalidade dos mais velhos, além do aumento do acesso à educação para as gerações mais novas.

A desigualdade no acesso à educação é um reflexo direto dos investimentos feitos em décadas passadas. “A garantia de financiamento à educação foi intermitente e só passou a ser permanente depois da redemocratização. Ainda assim, a disponibilidade de recursos entre as regiões é muito diferente. Temos uma história de diminuição das diferenças regionais muito recente”, destaca Fresneda. Isso explica por que as regiões historicamente menos favorecidas ainda apresentam taxas mais altas de analfabetismo.