Ameba comedora de cérebro causa preocupação após morte de criança; saiba mais

Um caso raro de infecção pela ameba Naegleria fowleri, conhecida como “ameba comedora de cérebro”, provocou a morte de uma criança de 1 ano e 3 meses em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. A confirmação veio através de testes laboratoriais que apontaram o parasita como causador de uma grave meningoencefalite, doença que afeta o sistema nervoso central.

O episódio foi registrado em um assentamento rural e é considerado o primeiro caso confirmado desse tipo no Brasil. Autoridades de saúde estão em alerta, especialmente devido às circunstâncias que levaram à infecção.

Como ocorre a infecção pela ameba

A Naegleria fowleri é um parasita microscópico que pode causar infecção ao entrar no corpo humano pelo nariz, geralmente através da água contaminada. A partir daí, o organismo migra para o sistema nervoso pelo nervo olfatório, provocando inflamações graves no cérebro e nas meninges.

Os sintomas iniciais incluem febre, irritação e vômito, que evoluem rapidamente para sinais neurológicos como confusão, convulsões e coma. A doença avança de forma acelerada, sendo quase sempre fatal. Nos Estados Unidos, onde há registros desde a década de 1960, a taxa de mortalidade é de 98%, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Água contaminada como origem do problema

A investigação conduzida pela Secretaria Estadual de Saúde do Ceará revelou que a fonte da contaminação foi a água do açude que abastecia a residência da criança. Embora a água passasse por tratamento, este foi considerado inadequado para eliminar o parasita.

“O contato direto da criança com o açude foi descartado. Acreditamos que a infecção ocorreu durante o banho, quando a água tratada inadequadamente foi utilizada”, explicou Antônio Lima Neto, secretário executivo de Vigilância em Saúde.

A análise da cisterna domiciliar confirmou a presença da ameba, levando à recomendação de desinfecção do reservatório. Além disso, as autoridades realizaram uma análise retrospectiva na região, mas não encontraram outros casos semelhantes.

Um caso raro no Brasil

Embora seja o primeiro caso confirmado por exames no Brasil, há relatos anteriores que sugerem a possibilidade de infecções pela ameba. Em 1975, um caso suspeito foi registrado em São Paulo, mas sem comprovação laboratorial.

O caso no Ceará destaca a importância de cuidados com o abastecimento e o tratamento de água, especialmente em áreas rurais. Autoridades recomendam a limpeza periódica de reservatórios e a garantia de tratamento adequado para evitar a presença de microrganismos perigosos.

Como prevenir infecções pela Naegleria fowleri

Embora rara, a infecção pela ameba pode ser prevenida com algumas medidas simples, como:

  • Evitar o contato do nariz com água suspeita ou não tratada, especialmente em açudes, lagos ou rios.
  • Garantir que a água utilizada para consumo e higiene pessoal passe por tratamento adequado.
  • Realizar a limpeza regular de caixas d’água e cisternas.
  • Em casos de sintomas neurológicos graves, buscar atendimento médico imediato.

O episódio no Ceará serve como um alerta para a necessidade de atenção à qualidade da água, especialmente em áreas com abastecimento irregular. Embora raro, o parasita pode ser extremamente perigoso e requer medidas preventivas rigorosas.