Alexa, Siri e Bia: Você sabe porque as assistentes virtuais são do gênero feminino?

Nos últimos anos, as assistentes virtuais se tornaram parte integrante de nossas vidas cotidianas, facilitando desde tarefas simples até oferecendo suporte emocional. Nomes como Alexa, Siri e Bia se tornaram familiares para muitos de nós, mas há algo que todas essas assistentes têm em comum: elas são representadas por vozes femininas. Mas por que isso acontece?

Desde as primeiras representações de assistentes robóticos no cinema, como a Android Maria em “Metrópolis” (1927), até os sistemas operacionais como Samantha em “Her” (2013), a imagem do assistente robótico tem sido predominantemente feminina.

No entanto, essa representação evoluiu ao longo do tempo. Hoje, nomes como Alexa, Siri, Lu e Bia são sinônimos de uma nova geração de assistentes virtuais, cuja identidade é definida mais por suas vozes suaves e nomes femininos do que por uma aparência física reconhecível.

Entenda porque as assistentes virtuais são do gênero feminino

Uma das razões por trás dessa escolha é apoiada por estudos e pesquisas. Clifford Nass, professor de Comunicação da Universidade Stanford, concluiu que vozes sintéticas femininas são percebidas como mais capazes de ajudar a resolver problemas, enquanto vozes masculinas são associadas à autoridade. Além disso, pesquisas indicam que tanto homens quanto mulheres tendem a preferir vozes femininas em assistentes virtuais, especialmente ao lidar com temas relacionados a “amor” e “relacionamentos”.

No entanto, essa preferência por vozes femininas também levanta questões sobre estereótipos de gênero e preconceitos. Gisela Castro, coordenadora de pesquisa em Subjetividade, Comunicação e Consumo da ESPM, aponta que as empresas optam por vozes femininas devido a preferências de mercado, mas isso pode reforçar a ideia de que as mulheres devem ocupar papéis assistenciais e subservientes.

Além disso, a representação das assistentes virtuais como mulheres reflete a falta de diversidade no setor de tecnologia. Segundo a Unesco, a maioria dos programadores de assistentes virtuais são homens, o que pode influenciar na perpetuação de estereótipos de gênero.

No entanto, há exemplos de empresas que buscam combater esses estereótipos. O Bradesco, por exemplo, lançou uma campanha para dar respostas mais assertivas a mensagens de assédio e preconceito de gênero contra sua assistente virtual, a Bia. Outras empresas, como Amazon e Apple, oferecem opções para os usuários escolherem vozes masculinas para suas assistentes.

Dessa forma, vale reforçar que a questão sobre por que as assistentes virtuais são representadas por vozes femininas é complexa e multifacetada. Envolve desde preferências de mercado até questões mais profundas sobre estereótipos de gênero e diversidade na indústria de tecnologia.

Enquanto isso, a discussão contínua sobre como garantir que essas representações não perpetuem preconceitos e estereótipos de gênero, mas sim promovam a diversidade e a igualdade de gênero.