Cientistas desenvolvem plástico biodegradável que dissolve na água

O aumento do problema global causado pelo descarte inadequado de plásticos petroquímicos tem gerado grandes preocupações, especialmente em relação aos efeitos ambientais e à saúde humana. Esse contexto impulsionou uma pesquisa significativa, publicada na revista Nature Communications, que apresentou um avanço na área de materiais sustentáveis.

Pesquisadores da Northeastern University e do Virginia Polytechnic Institute criaram um novo material chamado MECHS (Materiais Vivos de Engenharia Mecânica), que se destaca por ser biodegradável, compostável, escalável e possuir a notável capacidade de se auto-reparar.

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Novo plástico biodegradável

O MECHS é um material ecológico criado a partir de biomassa bacteriana, que combina nanofibras de curli, proteínas geradas por determinadas bactérias, com E. coli, uma bactéria amplamente presente no intestino dos animais. Quando colocado em compostagem, o MECHS se biodegrada de forma natural em um período de 15 a 75 dias, variando conforme as condições do ambiente. Além disso, o material se dissolve rapidamente ao entrar em contato com grandes volumes de água.

Uma das principais qualidades do MECHS é sua habilidade de se auto-reparar. Ao ser exposto a pequenas quantidades de água, o material é capaz de “restaurar” fissuras e rachaduras, o que prolonga sua durabilidade e melhora sua performance em diversas aplicações. Além disso, suas propriedades mecânicas, como resistência e flexibilidade, são comparáveis às dos plásticos convencionais, tornando-o uma alternativa eficaz em vários setores.

Além disso, a equipe de cientistas desenvolveu uma forma de incorporar plastificantes biodegradáveis ao MECHS, o que o torna ainda mais flexível e facilita sua moldagem para diferentes usos. A produção pode ser escalada de forma significativa, com a capacidade de gerar entre 500 mg e 1 g de material por litro de cultura bacteriana, superando métodos anteriores, como o AquaPlastic, também desenvolvido pela mesma equipe.

Impacto dos microplásticos

O surgimento do MECHS acontece em um período crucial, diante do agravamento da crise dos resíduos plásticos, que tem causado grandes danos ao meio ambiente e à saúde humana. Microplásticos foram detectados em órgãos como o cérebro, artérias, testículos e placentas, e estão relacionados a riscos como inflamações, distúrbios neurológicos, aumento do risco de AVC e alterações hormonais, impactando a fertilidade e o desenvolvimento fetal.

O MECHS, por ser biodegradável, se decompõe de forma natural por meio de microrganismos, proporcionando uma alternativa ecológica aos plásticos tradicionais, que levam séculos para se decompor e causam impactos ambientais prolongados.