Cientistas podem ter encontrado relação entre câncer e carne vermelha

Pesquisadores de Singapura realizaram uma descoberta significativa ao identificar o mecanismo que liga o consumo excessivo de carne vermelha ao aumento do risco de câncer, especialmente o câncer colorretal, também conhecido como câncer intestinal.

Embora a carne vermelha seja uma importante fonte de proteínas, vitaminas e minerais essenciais, diversas pesquisas já haviam indicado uma associação entre o consumo excessivo dessa carne e o aumento do risco de câncer. Contudo, até o final de outubro de 2024, o mecanismo biológico que estabelece essa ligação ainda era desconhecido para a comunidade científica.

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O câncer colorretal é o terceiro mais comum globalmente e tem causado um impacto crescente na América Latina, onde a taxa de mortalidade relacionada a essa doença está em ascensão. Além disso, ele ocupa a segunda posição entre os tipos de câncer mais letais, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.

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Pesquisa sobre a carne e o câncer

Em um estudo publicado na revista científica Cancer Discovery, pesquisadores de Singapura descobriram um mecanismo molecular importante que ajuda a entender como o consumo de carne vermelha pode elevar o risco de desenvolvimento de câncer colorretal.

Com base em pesquisas anteriores que apontavam o ferro presente na carne vermelha como um possível fator de risco para o câncer, os cientistas de Singapura decidiram investigar mais profundamente o assunto. Para isso, examinaram amostras de tecido de câncer colorretal e utilizaram diversas técnicas avançadas, como análise genética, purificação de proteínas e espectrometria. Além disso, realizaram experimentos com ratos para entender melhor a influência do ferro nesse processo.

Relação do ferro com a telomerase

A descoberta foi que o ferro presente na carne vermelha interage diretamente com uma enzima chamada telomerase, ativando-a por meio de uma proteína chamada pirina. Esse processo de ativação da telomerase acelera o avanço do câncer colorretal. A telomerase está localizada nas extremidades dos cromossomos, conhecidas como telômeros.

Os telômeros consistem em sequências de DNA e proteínas que atuam na proteção dos cromossomos durante o processo de divisão celular. Em células normais, a atividade da telomerase é controlada, fazendo com que os telômeros se encurtem a cada divisão celular. Porém, nas células cancerígenas, a reativação da telomerase permite que as células se dividam indefinidamente, favorecendo o crescimento e a progressão do tumor.

Essa descoberta oferece novas perspectivas para a prevenção e o tratamento do câncer colorretal, ressaltando a importância de compreender como os hábitos alimentares influenciam a biologia celular e estão relacionados ao surgimento de doenças complexas como o câncer.