Colapso enfrentado pelo oceano pode afetar drasticamente o clima e economia no Brasil
Os cientistas climáticos de destaque no cenário global estão soando o alarme sobre o potencial colapso “devastador” das correntes oceânicas no Oceano Atlântico. Em uma carta aberta, o climatologista Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, expressa preocupação de que os riscos associados ao enfraquecimento da circulação oceânica foram subestimados e, portanto, necessitam de uma ação imediata e urgente para serem mitigados.
As correntes mencionadas pertencem à Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC), um vasto sistema que inclui a Corrente do Golfo e é essencial para o transporte de calor para o Hemisfério Norte. Esse fenômeno desempenha um papel fundamental na regulação do clima regional e na manutenção de padrões climáticos globais. Estudos recentes mostram que a AMOC está desacelerando.
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Impactos do colapso dos oceanos
Na carta, os cientistas destacam que o colapso da AMOC pode provocar impactos devastadores e irreversíveis, especialmente para os países nórdicos, como Dinamarca, Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia. Esses países enfrentariam um resfriamento acentuado e eventos climáticos extremos, além de uma intensificação de uma anômala “mancha fria” no Atlântico Norte oriental, resultando em condições climáticas imprevisíveis.
As consequências não se limitariam a essas nações; o colapso da AMOC também afetaria o Hemisfério Norte, ameaçando a agricultura no noroeste da Europa, que depende de um clima estável. Outros ecossistemas e regiões ao redor do mundo também sofreriam, incluindo mudanças nos sistemas de monções tropicais, que poderiam impactar gravemente a segurança alimentar global.
Além disso, a interrupção das correntes oceânicas pode aumentar ainda mais o nível do mar na costa atlântica dos Estados Unidos, colocando cidades e comunidades costeiras em risco. A frequência crescente de eventos climáticos extremos ressalta a urgência de ações climáticas.
Prazo
Se não houver uma ação climática efetiva, a AMOC poderá colapsar nas próximas décadas, embora as estimativas sobre o momento exato desse evento ainda sejam incertas. O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que “a confiança média é de que a Circulação Meridional do Atlântico não sofrerá colapso” antes de 2100.
O documento foi endereçado ao Conselho Nórdico de Ministros, um organismo intergovernamental que promove a colaboração entre as nações nórdicas. Nele, os cientistas pedem que os líderes levem em conta os riscos vinculados ao colapso da AMOC e intensifiquem a pressão sobre seus parceiros internacionais para garantir que o aumento médio da temperatura global seja mantido dentro do limite de 1,5 graus Celsius. Essa meta foi definida no Acordo de Paris, assinado em 2015.