Casas de apostas lucraram R$ 3 bilhões com dinheiro do Bolsa Família
Em um cenário de crescente popularidade das apostas online no Brasil, um levantamento recente do Banco Central revelou um dado preocupante: beneficiários do programa Bolsa Família destinaram cerca de R$ 3 bilhões às plataformas de apostas virtuais em apenas um mês.
A constatação levanta discussões sobre o impacto social dessas atividades entre as famílias de baixa renda, que dependem do auxílio para cobrir necessidades básicas.
Casas de apostas lucraram R$ 3 bilhões com dinheiro do Bolsa Família
O estudo, solicitado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), mapeou o perfil dos apostadores e a origem dos valores transferidos para as plataformas de jogos e apostas, destacando o uso significativo de recursos provenientes do programa de transferência de renda.
Cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família realizaram apostas no período analisado, com uma média de R$ 100 por pessoa.
Desse total, aproximadamente 4 milhões são responsáveis pelo sustento de suas famílias, o que torna ainda mais alarmante o destino dado a uma parte considerável do dinheiro voltado à assistência social.
Segundo os dados, as apostas feitas por beneficiários do Bolsa Família representam aproximadamente 15% dos R$ 18 a 21 bilhões movimentados pelo mercado de apostas no Brasil em agosto de 2024.
O Banco Central observou que as transações analisadas envolvem transferências realizadas principalmente por meio do sistema Pix, deixando de fora outras formas de pagamento, como cartões de crédito e transferências bancárias.
Isso sugere que o valor total pode ser ainda maior, aumentando as preocupações sobre a extensão do problema.
O perfil dos apostadores do Bolsa Família
Outro aspecto analisado no relatório foi o perfil etário dos apostadores.
A maioria dos participantes tem entre 20 e 30 anos, e, embora as faixas mais jovens gastem valores relativamente menores, as transferências aumentam significativamente entre os jogadores mais velhos.
O gasto médio dos jovens fica em torno de R$ 100 mensais, enquanto os apostadores mais experientes chegam a desembolsar até R$ 3 mil.
Ministério do Bolsa Família promete agir para evitar situação
Diante da gravidade dos números, o governo federal prometeu agir.
O ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Wellington Dias, responsável pela gestão do Bolsa Família, afirmou que já está em contato com o Ministério da Fazenda para investigar o caso e tomar medidas que protejam os beneficiários de possíveis armadilhas financeiras.
“O objetivo do Bolsa Família é garantir a segurança alimentar e outras necessidades essenciais. Não podemos permitir que esse dinheiro seja desviado para atividades que prejudicam os mais vulneráveis“, disse o ministro.
A expectativa agora é que novas regulações sejam implementadas para controlar o impacto das apostas entre as populações mais carentes, enquanto o governo busca alternativas para orientar e proteger os beneficiários.