Setor se revolta e quer que o Governo crie nova taxa para brasileiros
O setor de seguros no Brasil, que é um dos mais lucrativos do país e cresceu muito nas últimas décadas, está pressionando o governo para a criação de uma nova taxa a ser cobrada dos brasileiros.
A proposta, encabeçada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), visa a implementação de um fundo de emergência custeado pela população que já paga seguro para cobrir perdas decorrentes de desastres naturais, como inundações, alagamentos e desmoronamentos.
Setor se revolta e quer que o Governo crie nova taxa para brasileiros
A ideia é que cada cidadão pague uma taxa de R$ 2 a mais em sua conta de luz ou de telefone pós-pago, que é aquele em que o cliente recebe a fatura no final do mês. Ou seja, os brasileiros teriam que financiar os valores que seriam recebidos em caso de desastre, e as seguradoras não teriam perdas.
Essa opção de cobrança adicional na conta de telefone é apresentada como a preferida das seguradoras, já que atingiria pincipalmente as famílias de classe média e alta, levando em consideração que os mais pobres utilizam telefones pré-pagos.
De acordo com as seguradoras, a criação desse fundo é uma medida necessária diante do aumento dos eventos climáticos extremos, que têm gerado perdas cada vez mais significativas para a população, e também para as seguradoras, que tem sido acionadas com maior frequencia.
O exemplo mais recente apontado pela entidade que representa as seguradoras foi a tragédia no Rio Grande do Sul, que resultou em um prejuízo estimado em pelo menos R$ 100 bilhões.
Além de cobrir danos materiais, a proposta inclui a indenização de até R$ 15 mil por residência afetada e R$ 5 mil em casos de óbito, com pagamentos sendo realizados rapidamente via Pix.
Essa iniciativa faz parte de um “pacote climático” mais amplo, que também inclui estímulos para a contratação de seguros de residência, vida e rural, além de seguros para obras públicas de infraestrutura.
Dessa forma, essas empresas querem que os brasileiros contratem mais seguros e que até o governo contrate planos para as obras, mas em caso de perda serão os cidadãos que pagarão a conta através da nova taxa, preservando o caixa das seguradoras.
Para a CNSeg, o setor de seguros deve se integrar na agenda climática, que considera o maior desafio global da atualidade. Contudo, o setor tenta fazer isso de modo a garantir as menores perdas possíveis e a continuidade dos lucros gigantescos que acumula.
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Fuga da responsabilidade das seguradoras é movimento global
No entanto, a proposta de uma nova taxa para que brasileiros possam preservar os lucros das seguradoras tem gerado controvérsias.
Críticos argumentam que as seguradoras, que lucraram bilhões ou até trilhões de reais ao longo das últimas décadas, estão tentando transferir os custos para a população em um momento de crise climática.
Eles apontam que, durante muitos anos, essas empresas lucraram sem serem acionadas por todos os seus clientes, e agora, com o aumento da frequência e da intensidade dos desastres naturais, buscam evitar prejuízos ao passar a conta para os brasileiros.
Vale destacar ainda que este movimento de fuga das responsabilidades das seguradoras não é exclusivo do Brasil. Trata-se de uma jogada cada vez mais comum do setor em todo o mundo.
Em vários países, empresas do setor têm adotado medidas semelhantes, elevando os preços e ajustando cláusulas para excluir a cobertura de certos desastres, como furacões na Flórida, Estados Unidos, e tempestades nas costas da França e Itália.
Em casos mais extremos, seguradoras chegam a deixar de cobrir determinadas regiões, priorizando áreas onde o risco é menor, o que tem sido criticado como uma atitude irresponsável e uma busca desenfreada por lucros, sem considerar as necessidades reais das populações mais vulneráveis.