Técnica revela como que se descobre se uma obra de arte é ou não verdadeira
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está liderando o uso de uma técnica avançada no Brasil para autenticar obras de arte, sendo pioneira na aplicação de um sofisticado scanner que avalia a autenticidade das peças. Esta tecnologia inovadora permite aos peritos identificarem com precisão os detalhes mais sutis das obras, possibilitando a diferenciação entre originais e falsificações.
O scanner realiza uma análise detalhada da obra, registrando informações que são transferidas para um computador. No sistema, esses dados são comparados com os de uma peça autêntica do mesmo artista, oferecendo uma avaliação mais precisa da autenticidade.
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Técnica avançada brasileira
Atualmente, a Polícia Civil do Rio de Janeiro é a única na América Latina a empregar esse avançado scanner tecnológico. O método consiste em realizar uma radiografia minuciosa da tela, possibilitando a identificação de detalhes que não são perceptíveis a olho nu.
Esse processo gera um “DNA” da obra, examinando com precisão a composição dos pigmentos e a constituição dos componentes que formam a cola da tinta. Assim, é possível realizar uma verificação técnica e detalhada da autenticidade da peça.
O Instituto de Criminalística, ligado à Polícia Civil, já avaliou 87 obras de arte com essa tecnologia, levando a descobertas notáveis. Entre os casos mais relevantes, estão as obras de Tarsila do Amaral, que foram confirmadas como autênticas após serem recuperadas de uma quadrilha de ladrões.
Nilton Thaumaturgo, chefe de perícias do Instituto Carlos Éboli, destaca a importância dessa tecnologia na resolução de casos de alta relevância. Desenvolvida em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro, a técnica revela um processo detalhado que pode exigir vários meses para ser completado.
Autenticação de uma obra de arte
Gustavo Perino, perito e coordenador do programa de pós-graduação em Peritagem e Avaliação em Obras de Arte na Universidade Santa Úrsula, ressalta que uma grande quantidade de obras de arte globalmente é falsificada ou possui atribuições incorretas.
A autenticidade de uma obra de arte não apenas impacta seu valor monetário, que pode ser muito elevado, mas também influencia o prestígio associado à peça. Com o mercado de arte global movimentando cerca de US$ 60 bilhões por ano, a verificação da autenticidade é crucial para garantir tanto o valor quanto a integridade das transações no setor.
O processo para avaliar a autenticidade de uma obra de arte normalmente segue três etapas principais:
- Análise do contexto histórico: Verifica se a obra está alinhada com a época e o estilo característicos do artista.
- Parâmetro estético e técnico: Avalia a técnica específica do artista, comparando-a com sua assinatura visual única.
- Parâmetro material: Realiza estudos científicos dos materiais usados para identificar e datar a obra com precisão.
Apesar dos avanços tecnológicos e das técnicas de autenticação, ainda existe o risco de erros devido às sofisticadas falsificações. Portanto, a colaboração e o compartilhamento de informações entre peritos são essenciais para alcançar conclusões mais precisas e assegurar a integridade do mercado de arte.