Esta anomalia magnética está assustando os meteorologistas do Brasil
Em dezembro, a NASA publicou um relatório revelando que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), uma região do campo magnético da Terra com intensidade reduzida, teve um crescimento de 7% nos últimos quatro anos.
Após a divulgação, começaram a circular nas redes sociais especulações de que o fenômeno poderia diminuir a proteção da Terra contra a radiação solar e, assim, representar riscos à saúde. No entanto, especialistas asseguram que não há razões para alarme.
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O Brasil, situado sobre a AMAS, possui importantes observatórios, como o Observatório Tatuoca em Belém e o Observatório Vassouras no Rio de Janeiro, que desempenham um papel crucial na compreensão dos mecanismos do campo magnético da Terra. Além disso, estações magnéticas adicionais, como a recentemente instalada em Macapá, são fundamentais para a coleta e análise de dados.
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Impactos da anomalia magnética
O geofísico Gelvam Hartmann, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esclareceu à Folha de São Paulo que possíveis falhas no campo magnético têm um impacto reduzido sobre as pessoas e o clima terrestre. Apesar de a radiação solar poder atravessar o campo magnético e afetar equipamentos eletrônicos em órbita, a quantidade de partículas carregadas que chega à superfície da Terra é extremamente pequena.
Outra teoria que perdeu credibilidade é a de que o vento solar na região da AMAS poderia afetar voos intercontinentais a altitudes de cerca de 13 quilômetros. No entanto, pesquisadores alemães observaram níveis baixos de radiação solar durante um voo de Hamburgo, na Alemanha, para Mount Pleasant, nas Ilhas Malvinas, que atravessou a AMAS. Esses dados foram publicados em junho de 2023 na revista Scientific Reports.
Efeitos em satélites e espaçonaves
Uma das maiores preocupações associadas à anomalia magnética é o efeito sobre satélites e espaçonaves. A existência de uma área com campo magnético enfraquecido permite que partículas solares penetrem mais profundamente na atmosfera terrestre, o que pode gerar problemas para os equipamentos espaciais, resultando em falhas temporárias ou danos permanentes devido à intensa radiação.
Para reduzir esses riscos, os satélites são configurados para entrar em modo de standby ao passar pela região da AMAS, de maneira semelhante ao que ocorre com eletrodomésticos que são desligados durante picos de energia para prevenir danos. Agências espaciais como a NASA e a ESA acompanham de perto a anomalia e ajustam as operações de seus equipamentos conforme necessário.
Segundo núcleo na África
Recentemente, a AMAS formou um segundo núcleo sobre o oceano Atlântico, perto da África, que é menor em comparação com o núcleo situado sobre a América Latina. Até agora, esse novo núcleo não aparenta ter um impacto significativo sobre a Terra ou seus habitantes.
Especialistas afirmam que a maior região sobre a América Latina deve desaparecer em um prazo indeterminado, enquanto a menor pode dar origem a uma nova anomalia, seguindo um ciclo que se repete ao longo dos séculos. Até o momento, não houve mudanças significativas nessa trajetória.