K-pop: jovem morre depois de ouvir hits sul-coreanos; entenda o caso
O Relatório de 2024 sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte, revelou que um jovem morreu após ouvir K-pop. Divulgado pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul na quinta-feira (27), o relatório revelou casos chocantes de repressão no regime norte-coreano.
Entre os relatos, destaca-se a execução pública de um jovem de 22 anos por ouvir e compartilhar músicas e filmes sul-coreanos, um exemplo extremo das tentativas desesperadas de Pyongyang de conter a influência externa e preservar sua ideologia.
Entenda a repressão do K-pop na Coreia do Norte
Segundo o relatório, o jovem, oriundo da província de Hwanghae do Sul, foi executado publicamente em 2022 após ser pego ouvindo 70 canções sul-coreanas, assistindo a três filmes e distribuindo este conteúdo.
Essa ação violou uma lei norte-coreana de 2020 que proíbe a disseminação de “ideologia reacionária” e cultura estrangeira. O caso foi destacado pelo jornal britânico The Guardian, que enfatizou o rigor das autoridades em controlar o fluxo de informações e cultura externas, principalmente entre os jovens.
Além da execução, o relatório menciona outras punições severas por comportamentos considerados “influências sul-coreanas”, como noivas usando vestidos brancos, noivos carregando suas noivas, o uso de óculos escuros e o consumo de álcool em taças de vinho.
Essas práticas são vistas pelo regime como ameaças à sua ideologia e cultura, refletindo o extenso controle das autoridades sobre a vida cotidiana dos cidadãos.
As medidas repressivas incluem inspeções frequentes de telefones celulares para verificar a grafia de nomes de contatos e a utilização de expressões e gírias sul-coreanas. O regime de Kim Jong-un intensificou a campanha contra a influência cultural ocidental e sul-coreana, iniciada por seu pai, Kim Jong-il.
A proibição do K-pop, parte desta campanha, visa proteger os norte-coreanos da “contaminação” externa, embora a cultura sul-coreana continue a penetrar na sociedade norte-coreana.
Em 2022, a Rádio Free Asia, financiada pelo governo dos EUA, relatou que o regime também reprimia modas e penteados “capitalistas”, como jeans skinny, t-shirts com palavras estrangeiras e cabelos tingidos ou longos. Esses esforços, no entanto, parecem insuficientes para conter a crescente influência da cultura sul-coreana entre os jovens norte-coreanos.
Resistência cultural e retaliações
Apesar das medidas duras, a influência da cultura sul-coreana é inegável. Um recente desertor norte-coreano afirmou que a velocidade com que essa cultura se espalha é impressionante. “Os jovens seguem e apoiam a cultura sul-coreana e adoram tudo o que é sul-coreano”, disse uma mulher de cerca de 20 anos durante um briefing em Seul.
A tensão entre as duas Coreias também se reflete em ações de retaliação. Recentemente, a Coreia do Norte enviou milhares de balões através da fronteira, contendo resíduos, em resposta ao lançamento de balões vindos do Sul, que continham panfletos anti-Pyongyang, notas de dólar e pen drives com K-pop e K-dramas.