Veja o que pode acontecer com o Brasil com a chegada do fenômeno La Niña
Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há uma chance de 69% de o fenômeno La Niña se estabelecer a partir de julho, sucedendo o El Niño que contribuiu para eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios no Pantanal.
Esta alteração climática, caracterizada pela diminuição das temperaturas das águas do Oceano Pacífico equatorial, provoca mudanças substanciais nos padrões de chuva e temperatura em território brasileiro. O inverno teve início oficialmente na última quinta-feira (20) e continuará até 22 de setembro.
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Embora sejam fenômenos opostos, El Niño e La Niña causam extremos climáticos distintos: o primeiro aquece as águas do Pacífico, aumentando as chuvas no Sul do Brasil, enquanto o segundo esfria essas águas, resultando em secas prolongadas na mesma região.
Alterações climáticas do La Niña
De acordo com José Eduardo Furtado, especialista em desenvolvimento de mercado na BRANDT Brasil – ouvido pela Rádio Itatiaia, há previsão de chuvas acima da média para o norte e nordeste do Brasil, enquanto o Sul deve enfrentar uma estiagem prolongada.
Nas regiões centro-oeste e sudeste, espera-se um padrão climático relativamente estável, embora variações significativas no volume de chuvas sejam possíveis devido à vastidão dessas áreas.
O Pantanal, localizado no Mato Grosso do Sul, é uma das áreas mais impactadas pelo La Niña, sofrendo historicamente com secas e incêndios florestais. Este ano, está sob intensa vigilância das autoridades climáticas.
A bacia do rio Paraguai, que forma o Pantanal, continua enfrentando condições de seca, especialmente na estação de monitoramento principal em Porto Murtinho.
Impactos ao redor do Brasil
Giovani Dolif, do Cemaden, e Márcio Astrini, do Observatório do Clima, em entrevista ao portal O Antagonista, sublinham a urgência na implementação de políticas de preparação. Agricultores e instituições que enfrentam diretamente os efeitos das mudanças climáticas são incentivados a elaborar estratégias para minimizar os impactos adversos.
Para lidar com esses desafios, Furtado sugere a adoção de um cronograma escalonado para o plantio, a utilização de sementes robustas e de alto potencial germinativo, variedades geneticamente adequadas, além de práticas de manejo que fortaleçam a resistência das plantas a estresses ambientais, incluindo a aplicação de nutrição equilibrada e bioestimulantes.
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Márcio Astrini, diretor do Observatório do Clima, sublinha que as previsões são claras: sabemos onde haverá excesso de chuvas, quais áreas estão em risco e como as populações serão impactadas por essa realidade.
É essencial desenvolver planos emergenciais específicos para esses locais e adaptar-se a essa nova e lamentável normalidade climática. Ele destaca que os efeitos não se limitam aos prejuízos econômicos, mas afetam diretamente pessoas diante de um clima que já passou por mudanças significativas.