23 de abril, feriado de São Jorge; entenda a relação do santo com Ogum

Neste 23 de abril, São Jorge é celebrado em todo o Brasil. Para muitos fiéis, é um dia de devoção e homenagens ao santo guerreiro. No entanto, há uma relação profunda entre São Jorge e o Orixá Ogum, que também é celebrado nesta data, especialmente nas tradições afro-brasileiras. Vamos explorar essa conexão e entender a simbologia por trás dessa celebração.

O sincretismo religioso entre São Jorge e Ogum é uma prática comum no Brasil, resultado da associação entre divindades africanas e santos católicos. Enquanto São Jorge é venerado como um santo da igreja católica, Ogum é um orixá africano, associado ao ferro, à guerra e à agricultura. Essa associação foi uma forma encontrada pelos fiéis para manter viva a religião africana, uma vez que o culto aos orixás era proibido durante a escravidão no Brasil.

São Jorge e Ogum
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Origens e Diferenças entre São Jorge e Ogum

Embora São Jorge e Ogum sejam figuras distintas em suas origens históricas e mitológicas, o sincretismo religioso permitiu que suas celebrações se entrelaçassem ao longo do tempo. Enquanto São Jorge, segundo a tradição católica, nasceu na Capadócia, Ogum era cultuado originalmente na região que corresponde à atual Nigéria. Ogum é reverenciado como o ferreiro dos orixás, ligado à guerra e à agricultura, enquanto São Jorge é conhecido como o santo guerreiro que lutou contra o mal.

No Rio de Janeiro e em outras regiões do Brasil, as celebrações de São Jorge e Ogum são marcadas por fogos, alvoradas, missas e festas populares. Muitos devotos madrugam para homenagear os santos, lançando fogos e participando de missas em igrejas católicas. À tarde, é comum reunir-se para celebrar com feijoada e cerveja gelada, em uma mistura de tradições religiosas e culturais.

Diferentes Representações e Significados

Em algumas tradições religiosas, como na Bahia, São Jorge foi sincretizado com outra divindade, Oxóssi, enquanto Ogum é associado a São Jorge em outras regiões, como no Rio de Janeiro. A relação entre São Jorge e Ogum se estreitou especialmente entre os cariocas, onde, segundo dizem, Ogum encontrou São Jorge numa encruzilhada, fortalecendo os laços entre essas duas figuras.

A feijoada é uma das comidas tradicionalmente associadas às celebrações de São Jorge e Ogum no Brasil. Embora não seja uma comida originalmente oferecida ao orixá, o hábito de preparar feijoada para Ogum tem raízes na diáspora africana. O feijão, rico em ferro, é associado a Ogum, o orixá do ferro, fortalecendo essa conexão simbólica na alimentação votiva.

Umbanda e Outras Religiões

Além do candomblé, Ogum é cultuado em outras religiões de matriz africana, como a umbanda. Nesses cultos, Ogum é frequentemente associado a lugares como Humaitá, onde sua presença é evocada em cânticos e rituais. A relação entre Ogum e a guerra, no entanto, se perdeu ao longo do tempo, especialmente devido à associação da agricultura com o sofrimento da escravidão.

A celebração de São Jorge em 23 de abril vai além das fronteiras da religião católica, abrangendo também as tradições afro-brasileiras que veneram Ogum. Essa conexão entre o santo guerreiro e o orixá do ferro é um reflexo da diversidade cultural e religiosa do Brasil, onde diferentes tradições se entrelaçam e enriquecem o tecido social e espiritual do país.